Envelhecer = corpoidoso, coraçãoadolescente, almaeterna

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Ou “Envelhecimento Ativo é : de borboleta à lagarta em 24 horas.

Hoje de manhã na luz de quase maio. Outono na serra do Rio de Janeiro.  Uma clareza. Uma clareza Incontestável. A peça-chave do quebra-cabeça estava nítida. (Geralmente o insight não é uma sensação cômoda.  É confusa).

Diante daquela imagem, um pequeno recorte azul, paz. Céu, mar? A equação do envelhecimento estava pronta. Corpo idoso+coração adolescente + mente à procura de identidade. Eternidade.

Como viver em paz depois do enigma temporariamente resolvido? Não sei ainda. Vou  me dedicar a descobrir.

 Já aprendi que não há rotina. Montanha russa. Placidez de lago. Uma cegueira imobilizante. Congelado de sonhos.

 O envelhecer tem oferecido aceitar aquilo que é. Ao observar meu corpo, é impossível fugir das marcas da idade. Disfarces: modelo, cor, composição do corpo. Camiseta com manga, vestido longuete, jeans discreto. Camisas de manga comprida, sempre. Brincos minimalistas (quem diria!)

Diário do envelhecimento

Nos dias ímpares e também nos pares.

Acordar em paz no condomínio. Delicadamente subo ao palco como síndica. Vivo todas as therezas christinas

Sono? Fome? Preguiça? Paixão?

Silêncio? Saudades? Esperança?

Futuro? Morte? Eternidade? Amor? Deus? Medo?

Cabe tudo nas 24 horas seguintes. Veloz voracidade.

Quantas vezes o cenário se repete no ano? Poucas. Pouquíssimas.

Não há ressaca.

Abastecida pela contradição e saciada na incoerência, aceito a cor bege da rotina. Esterilidade da paixão. A sabedoria da falta de respostas. O inevitável deserto da solidão.

Quantas vezes me acontece este cenário? Muitas vezes.

“Sem esperança não surge o inesperado.”

Nesse longo inverno, o poeta Murilo Mendes aquece meu coração.

Thereza Christina Jorge

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